
Imagem de Arnie Bragg por Pixabay gerada por IA
Uma nova e desconhecida fase…
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Eis-me aqui, Senhor!
Sou católica e existe uma música muito linda que diz assim:
Eis-me aqui, Senhor Eis-me aqui, Senhor Pra fazer Tua vontade, pra viver no Teu amor Pra fazer Tua vontade, pra viver no Teu amor Eis-me aqui, Senhor O Senhor é o Pastor que me conduz Por caminho nunca visto me enviou Sou chamado a ser fermento, sal e luz E por isso respondi: Aqui estou Eis-me aqui, Senhor Eis-me aqui, Senhor Pra fazer Tua vontade, pra viver no Teu amor Pra fazer Tua vontade, pra viver no Teu amor Eis-me aqui, Senhor Ele pôs em minha boca uma canção Me ungiu como profeta e trovador Da história e da vida do meu povo E por isso respondi: Aqui estou Eis-me aqui, Senhor Eis-me aqui, Senhor Pra fazer Tua vontade, pra viver no Teu amor Pra fazer Tua vontade, pra viver no Teu amor Eis-me aqui, Senhor Ponho a minha confiança no Senhor Da esperança, sou chamado a ser sinal Seu ouvido se inclinou ao meu clamor E por isso respondi: Aqui estou Eis-me aqui, Senhor Eis-me aqui, Senhor Pra fazer Tua vontade, pra viver no Teu amor Pra fazer Tua vontade, pra viver no Teu amor Eis-me aqui, Senhor
E depois de todos esses dias de reflexão sobre os meus 20 anos de carreira, é o que digo: Eis-me aqui, Senhor, pra fazer Tua vontade, não a minha vontade, pra viver no Teu amor, enquanto amo tudo que tenho, tudo que faço e agradeço todas as conquistas que o Senhor me permitiu alcançar.
Se você não leu os posts anteriores, é só clicar nos links abaixo:
Parte #1
Parte #2
Sobre a luta com nossas dores do presente, passado e futuro…
Há uma citação que sempre leio que diz assim:
Depressão é excesso de passado. Estresse é excesso de presente. Ansiedade é excesso de futuro.
Eu vivenciei os três.
Passei por momentos muito difíceis com uma crise de depressão, em 2018. Hoje, estou bem, mas ela é uma doença traiçoeira. Está sempre rondando. Basta um deslize e ela volta. Por isso, às vezes me pego num momento depressivo. É aquele momento de desânimo, de desesperança, que parece prevalecer a ideia de que não vamos conseguir alcançar algo, ou que falta algo muito precioso. E preciso de tempo para deixar o corpo vencer essa fase.
Não sei se concordo que a depressão é o excesso de passado. Talvez seja. Talvez esteja nas dores que carregamos que geram um presente cheio de sentimentos que nos prendem ao chão. Eu tive minhas dores do passado que, graças à terapia, fui curando. Dizem que também repousa nas frustrações do passado. Também tive muitas, e entendi que amadureci pouco tolerante às novas frustrações, até aprender que elas fazem parte da vida. Talvez a depressão tenha vindo por reflexo de tudo isso, e tenha conseguido curá-la quando trabalhei essas questões.
De outra forma, vivia a ansiedade pelos medos do dia a dia (violência, doença, financeiro…) e pelas expectativas do que eu esperava para minha vida pessoal e profissional.
Eu avancei pelos anos fazendo dupla, tripla jornada profissional, sem contar as múltiplas jornadas pessoais, como mãe, filha, esposa, dona de casa etc. Então, o estresse era uma sombra na minha rotina. Fui analista de sistemas e professora. Depois, analista de sistemas, professora e escritora. Reduzi para analista de sistemas e escritora. E hoje anseio quando poderei ser apenas escritora. Vivia o trânsito caótico do Rio de Janeiro no trajeto “subúrbio – centro da cidade”, para ir e vir do trabalho. Muitos não entendem o que isso causa na vida de uma pessoa. São horas gastas em momentos de estresse e desconforto. Mesmo para mim que optei por andar de carro, fugindo do desconforto ainda maior do transporte público, era complicada a tensão do engarrafamento, dos motoqueiros ziguezagueando no trânsito, dos motoristas que insistem em dirigir infringindo umas 10 leis, o medo de acidentes e assaltos e a correria para cumprir os horários.
Então, minha depressão era um reflexo do que não estava bom no meu presente, e do que eu ansiava pelo futuro. E o estresse era puro reflexo da correria de sermos muitas mulheres ao mesmo tempo. Vivia num círculo vicioso.
Se teve algo bom que aprendi com a depressão foi desacelerar. A doença te força a frear os pensamentos, as ações. E a parte boa é que você percebe que pode viver sem estar sempre correndo e, principalmente, sem estar sempre olhando para o passado, sofrendo pelo presente e ansiando o futuro. Antes, eu fazia mil coisas ao mesmo tempo. Cansei de ouvir a pergunta: como você arranja tempo para fazer tudo isso? Porque eu otimizava a minha agenda. Tudo era cronometrado, sincronizado, planejado, ajustado. Mas isso cobrou um preço alto.
Hoje, ainda me ressinto do pouco tempo que me sobra para ser apenas a Ana Cristina mulher e a Ana Cristina escritora (por isso anseio tanto pela aposentadoria). É o reflexo da vida profissional, com marcação de ponto, carga horária. Certamente essa sensação de “aprisionamento”, de falta de liberdade é que inspirou a criação da trilogia “A Rainha Perdida”, cujo mote principal é o conceito de liberdade. Mas o que fiz por mim foi tirar da minha vida o excesso de tarefas e o excesso de pensamentos. Deleguei tarefas domésticas. Abandonei tarefas profissionais. Recusei tarefas pessoais que me estressavam mais do que o bem que faziam. Recusei deixar que os tropeços e as traições do passado se tornassem fantasmas na minha mente e me definissem.
As frustrações da vida literária…
Hoje, vivo cada dia num tempo novo, tentando driblar o sentimento de tristeza perante os medos, as dúvidas e as frustrações.
E talvez a maior das frustrações que eu enfrente é não ser reconhecida como escritora no nível que gostaria. Todo escritor vive uma correria atrás de editoras que os publiquem e atrás de leitores que os leiam. A negativa dos dois lados gera uma frustração incomensurável.
Avancei os anos da minha carreira vendo meus pares com alta capacidade de se venderem para editoras de grande porte. Nunca soube fazer isso. Sou ótima palestrante, consequência das décadas como professora e palestrante de congressos, mas a minha prática e a minha excelência são para falar para plateias. Quando é “tete-a-tete”, “cara a cara”, eu travo. Digo que sou melhor me expressando com a escrita do que com a fala. Prefiro mil vezes escrever “testamentos” no whatsapp, do que gravar áudios. Parece que meu cérebro funciona melhor quando estou escrevendo. Falando, conversando, meu cérebro fica “bugado” pelas emoções. Havia um programa humorístico que tinha um quadro que era algo assim: um homem ficava ouvindo ofensas de outro, e só sabia responder “ah, é, é”, “ah, é, é”. Só quando o interlocutor ia embora é que ele conseguia dar as respostas para as ofensas. Sou assim! Só depois de um tempo o cérebro pega no tranco, para eu lembrar de todos os argumentos que poderia usar.
Mesmo com toda esta timidez (acreditem, sou tímida!), conquistei muitas coisas maravilhosas na minha vida pessoal e profissional. E sou muuuuuito grata por tudo!
E estes dias de reflexão me levaram a entender que se eu ainda tenho sonhos para alcançar, eles acontecerão no tempo de Deus, não no meu tempo. Cabe a mim lutar por eles, e mantê-los vivo. Porque, afinal de contas, a grande beleza de uma viagem está no trajeto e não apenas na sua chegada.
Uma nova e desconhecida fase…
Acho que o maior aprendizado que posso ter para esta nova e desconhecida fase que vem agora é não ter vergonha! Não ter vergonha da minha história, de quem eu sou, de como eu me visto, de como está o meu corpo, das minhas gafes, dos meus erros…
Depois, um aprendizado valioso é olhar para todos os “sins” da minha vida. E parar de sofrer com os “nãos”.
Esses três posts revelando muito mais sobre mim, como mulher, como ser humano, é um primeiro passo.
Então, seguindo um conselho que uma pessoa fez há alguns anos, que foi agradecer diariamente por algo que você tem, quero poder viver agradecendo mais pelos 10 leitores que me seguem, do que lamentando os 10 mil leitores que não conquistei. kkkkkk
Acredito que essa nova forma de pensar vai destravar minha escrita. Porque nos últimos dois anos tenho encontrado dificuldade para escrever os textos de romance YA que tanto amo. Estou com vários textos iniciados e abandonados. Tudo porque sempre fica pairando aquele soprinho do mal dizendo “para que escrever, se você só tem 10 fãs?”. rsrsrs É cômico se não fosse trágico.
É claro que, hoje, tenho milhares de leitores que leram meus livros, pelas vendas governamentais. Mas o que sempre esperamos é aquela tribo de leitores que te seguem nas redes sociais, fazem filas para pegar seus autógrafos em noites de lançamento e em bienais, e garantem que você tenha a visibilidade que as editoras de grande porte esperam que você carregue para investir em você.
Então, se eu tirar esse peso dos ombros, acho que vou curar minha ansiedade e voltar a escrever me divertindo, que é a melhor parte do processo.
Quero deixar aqui minhas expectativas como escritora, como uma forma de tirá-las da minha mente. E quem sabe, colocando aqui, jogando para o Universo, elas possam se realizar de forma mais rápida! rsrsrs
Sobre leitores…
- Ter leitores em vários estados que conheçam ou leram meus livros – √
- Ter muitas resenhas positivas nos meus livros no Skoob, Amazon e redes sociais – √
- Ter fila de muitos leitores-fãs em qualquer noite de lançamento ou em bienais – pendente
- Ter meus livros distribuídos por todas as livrarias, com pilhas expostas em todas elas – pendente
- Ser autora convidada da Bienal do Rio – pendente
- Chegar à lista de mais vendidos da Amazon com e-books – √
- Chegar à lista de mais vendidos da Amazon com livro físico – pendente
- Chegar à lista de mais vendidos da Publishnews e Veja – pendente
Sobre prêmios e seleções…
- Ter um livro infantil selecionado para o Catálogo de Bolonha – √
- Ter meus livros infantis aprovados e vendidos para Programas de Governos – √
- Ter meus livros juvenis aprovados e vendidos para Programas de Governos – √
- Ter meus livros jovem adulto aprovados e vendidos para Programas de Governos – √
- Ter um livro infantil selecionado para o Selo Cátedra – pendente
- Ter um livro finalista no Prêmio Jabuti – pendente
- Ter um romance finalista no Prêmio São Paulo de Literatura – pendente
- Ter um livro adaptado para o teatro – pendente (quase aconteceu com o Caixa de Desejos)
- Ter um livro jovem adulto adaptado para o cinema – pendente
Então, se você chegou até aqui, depois destes 3 posts sobre meus 20 anos de carreira, e quiser dar uma ajudinha para que eu possa marcar (check) nos itens pendentes, não vou ficar triste! 🙂
Feliz e abençoado Dia das Mães para todas as mamães do mundo!
Feliz 15 anos de vida do meu primogênito literário: Caixa de Desejos!
Felizes e abençoados 20 anos de carreira!