Ana Cristina Melo
escritora

Blog da Ana

Indicação dos 5 melhores livros de distopia para adolescentes e adultos

Literatura
Novidades

Se você já é leitor de livros distópicos, pode ser que descubra aqui um novo título para mergulhar.

Se você é leitor de ficção, mas ainda não tinha se aventurado em um livro de distopia, chegou no lugar certo.

Então, vem conhecer um pouquinho mais desse universo.

Características e expectativas na leitura de romances distópicos

 

Qual o significado de distopia?

A primeira pergunta que fazem é “O que é distopia?” ou “O que significa literatura distópica?”. Na concepção do termo, uma utopia é uma sociedade harmônica, enquanto uma distopia é uma sociedade defeituosa. 

Na ficção, uma distopia é um lugar imaginário, numa projeção do futuro, no qual se vive em condições extremas de opressão ou privação (social e/ou de liberdade). Mas engana-se quem pensa que o termo distopia seja encontrado apenas no mundo ficcional. O conceito também está associado à patologia, significando a localização anômala de um órgão. Ou mesmo pode ser usado dentro da Psicologia.

Descartando a projeção do futuro, podemos ainda afirmar que as características distópicas existem também nos dias atuais. Basta olhar para algumas formas de governo, para as sociedades e suas mazelas. É perfeitamente possível encontrar lugares com condições extremas de privação, assim como países com extrema opressão. E essa comparação é que faz da literatura distópica uma poderosa advertência sobre o mundo em que vivemos, e a necessidade de repensarmos nossos valores e mudarmos nossas atitudes.

 

Temáticas de romance distópicos

É muito comum que as distopias tenham um viés político, com governos totalitários, que são a forma mais extrema do autoritarismo. Nesse sistema político, quem está no poder controla a vida pública e privada dos cidadãos, além de punir qualquer manifestação contrária, criando uma atmosfera sombria e de medo.

Mas há outras temáticas centrais na literatura distópica. A tecnologia pode se apresentar como um anseio para o futuro, ou como uma ameaça a nossa liberdade. Além da questão política, é muito comum livros de literatura distópica que são um alerta sobre o que pode acontecer ao mundo se continuarmos destruindo a Natureza e alimentando a violência dentro das sociedades. Por exemplo: como seria o mundo se recursos naturais se extinguissem, como é o caso da água potável?

 

O que esperar da leitura de um romance distópico?

Ler ficção distópica é mais do que se entregar à ficção científica (gênero do qual pertence), é mergulhar em universos projetados para que você se sinta tão envolvido com as experiências dos personagens, que, ao mesmo tempo que sua mente embarca naquele universo, ela também acumule reflexões sobre o que já é real ou pode vir a ser.

Há quem ache que os universos descritos em distopias são totalmente fantasiosos. Contudo, um olhar mais atento perceberá que a fantasia, muitas vezes, é uma metáfora para a realidade política de lugares reais ao redor do mundo, bem como as desigualdades sociais apontadas são apenas espelhos do que existe de fato e a sociedade deveria combater. Delimitando claramente a elite do resto da população, os enredos jogam uma lupa sobre as divisões de classes, diferenças sociais e uma segregação que não deveria existir no mundo atual.

Se é esperado que um romance ficcional nos traga um protagonista por quem vamos torcer, em uma distopia isso é fundamental. São os protagonistas que lutam contra o sistema político em prol de uma vida melhor para todos. E é acompanhando sua jornada de herói que vamos amadurecendo nossas reflexões sobre os melhores caminhos para um futuro mais justo.


Agora, chega de teoria, e vamos para a prática. Nada como mergulhar na fantasia de uma distopia para entender por que são livros de romances tão empolgantes.

A seguir, trarei a indicação de várias distopias do mercado, que esta escritora já leu e ama, ou que vai ler em breve.

Antes de eu apresentar as distopias mais lidas e mais famosas, acredito que é importante que vocês saibam que existem ótimos livros distópicos brasileiros, que os jovens adultos estão amando!

Então, se você, adolescente, jovem ou adulto, quer relaxar, quer um livro de romance para ler, que vai te prender do início ao fim, além de “alugar um triplex” na sua cabeça, ou seja, que não vai te deixar parar de pensar e questionar sobre o enredo ou os personagens, muito depois do ponto final, vem comigo e acompanhe estas dicas das melhores distopias.

 

Indicação das Melhores Distopias para Ler, com forte crítica política e social

 

1. Trilogia A Rainha Perdida, de Ana Cristina Melo

Tomo a liberdade de começar com uma trilogia escrita por esta autora que vos fala. rsrs

Só faço isso, pois, de acordo com a avaliação dos leitores na Amazon, Skoob e redes sociais, é uma das melhores distopias que vocês vão ler. Basta conferir algumas das opiniões abaixo, que vocês vão entender por que me dei o direito de começar com o romance “A Rainha Perdida”.

Amazon:

Mari – 27/05/2024 – Pensa num livro intrigante e ao mesmo tempo perfeito.

Cliente Kindle – 18/02/2024 – Livro sensacional, prende a leitura do início ao fim, super bem escrito, cheio de surpresas e plot twists. Se estiver querendo um livro cheio de emoção e enredo bem trabalhado, esse é o livro ideal.

Juliana – 31/05/2024 – O livro é maravilhoso, muito bem escrito. O enredo é excelente, bem desenvolvido, estruturado e muito envolvente; devorei o livro de tão bom.

Bruna @bg.livros – 13/11/2020 – Eu não sei o que dizer deste livro! Ele é incrível! Quando comecei a leitura, não conseguia parar! A cada capítulo, encontrei uma reviravolta diferente.

Cliente Kindle – 27/05/2024 – QUE LIVRO MARAVILHOSO! TERMINEI EM UM DIA DE TÃO BOA A LEITURA!

Jess Moraes – 28/05/2024 – Um livro cheio de reflexões e intenso, com uma escrita leve e que te deixa com o coração quentinho. Eu amei demais.

Welba_leituras – 30/05/2024 – Um livro emocionante com mistérios espetaculares e um plot de arrasar. Eu amei cada personagem. Li e recomendo.

Danyelle – 28/05/2024 – Livro maravilhoso! Prende a gente do início ao fim. Uma leitura leve e fluida; leiam, não vão se arrepender.

Lorena – 25/05/2024 – Impactante! O enredo é muito bem construído e a estória vai te prender do começo até a última página. Os personagens têm uma evolução incrível e são tantas reviravoltas que vai te deixar na expectativa do próximo livro. Eu recomendo essa leitura.

Skoob:

Malu – 19/02/2021 – Maravilhoso! Amei esse livro. A escrita é bem fluida e a história me prendeu do início ao fim. Acredito que nunca li uma fantasia nacional tão envolvente.

A_Adri – 15/04/2022 – Uma mistura de “Jogos Vorazes” e “O limiar” – Eu simplesmente amei esse livro, do início ao fim.

Adria Raquel – 29/01/2024 – Eu estou sem reação, sem saber o que esperar do que vem por aí. Uma distopia que me lembrou Jogos Vorazes e até A Seleção rsrs A autora me surpreendeu com sua escrita, me instigou e eu só queria mais um capítulo – resultado? Devorei o livro!

PamLeitora – 01/02/2024 – APAIXONEEEI! – Não consegui conter minhas emoções enquanto devorava este livro. Li praticamente em poucos dias e fiquei profundamente encantada com a escrita da Ana. Ela tem o dom de começar e encerrar cada capítulo com maestria, deixando nas últimas páginas aquele gostinho de “quero mais”, “não consigo largar” e “preciso do desfecho” – sentimentos que apenas os leitores de fantasia distópica entenderão plenamente.

Quei – 20/02/2024 – Leitura incrível! Finalizei esse livro recentemente, e estou pensando em como escrever todas as sensações que tive lendo-o. Foi aquela leitura que comecei e não queria largar, o tipo de história que nos traz a certeza que será uma leitura favoritada, e não foi diferente! “A Rainha Perdida” foi incrível do início ao fim, é certo como a escrita da autora é maravilhosa e nos pega desde o início. A cada finalização de capítulo, eu ansiava por saber mais da história e do que poderia vir. Uma distopia com fantasia e um toque de romance extremamente envolvente. Os personagens são incríveis, desde a Ellena a outros que são bem desenvolvidos e que nos cativam por inteiro.

Stéfanny – 14/03/2024 – Uma mistura de Jogos Vorazes com Rainha Vermelha – Eu gostei do livro, a autora soube retratar muito bem a história e os distritos. Esse livro tem muitas reviravoltas surpreendentes, eu não esperava muitas coisas que aconteceram. O livro é uma distopia muito bem escrita, com temas atuais e importantes. Eu realmente gostei como tudo ficou encaixado na história, como cada personagem tem a sua importância no desenvolvimento da história.

Luana – 16/03/2024 – Perfeita! Nossa, que leitura surpreendente acabei de concluir. Li sem nenhuma pretensão, mas fiquei muito empolgada e envolvida com a história. A narrativa, os personagens, os dilemas, questões e problemas sociais aqui expostos trazem uma riqueza gigante para a história.

Jessy45 – 25/03/2024 – Melhor distopia da vidaaa!

 

Toda distopia parte do princípio que temos a antítese de uma utopia, certo? E se um mundo aparentemente perfeito, onde não houvesse fome, violência, todos recebessem gratuitamente educação, alimentação e moradia, não fosse exatamente o que parece?

Indo na contramão dos enredos distópicos tradicionais, em Aghaia, país criado após guerras e devastações ambientais, temos duas classes bem delineadas: a Capital e os Distritos. Diferente de distopias como Jogos Vorazes e A Seleção, onde os Distritos são lugares de muitas privações, em A Rainha Perdida não temos essas tradicionais desigualdades sociais. Mas ela existe e está lá de várias maneiras diferentes. Está no excesso de trabalho, no controle do que cada um pode fazer e ser, na manipulação da vida privada e social, na falta de liberdade… aqui, a ponto da palavra ter sido arrancada dos dicionários.

Aghaia é governada por Petrus, um Rei que mantém um controle cruel, justificado pela manutenção da paz. Dividida em Distritos, de onde seus moradores não podem sair, Aghaia provê saúde, educação e alimentação, mas o preço é alto. Quem vive à margem da Capital precisa cumprir uma cota de 14 horas diárias de trabalho, obedecer ao toque de recolher, e viver uma vida ausente de desejos.

Ellena é do Distrito Sete e, inconformada com a vida que leva, descobre que a Capital aboliu do dicionário a palavra “liberdade”. Preocupada com seu avô, para que ele não seja levado pela Guarda da Assistência, por não poder mais trabalhar, Ellena busca por um futuro diferente. A única solução que ela vislumbra é o processo de Admissão, que seleciona jovens para exercerem profissões na Capital. Contudo, no dia do casamento de Victoria, sua melhor amiga, tanto Ellena quanto Vick se tornam Admitidas. Diante do desespero da amiga (separada de seu noivo), e da consciência de que todos serão separados de suas famílias, pois a ida para a Capital é uma viagem sem volta, Ellena começa a buscar respostas para tudo que considera errado, além de usar sua nova posição para mudar a vida de todos que moram nos distritos. Neste processo, Ellena terá que aprender os caminhos para fugir do labirinto político de Petrus, enquanto luta com os descompassos do seu próprio coração, disputado por dois príncipes.

Três grandes perguntas direcionam essa trilogia: Será que Ellena conseguirá desvendar os segredos de Aghaia, sem que Petrus cumpra suas ameaças? Será que o amor sobreviveria a tantas mentiras, permitindo que um romance florescesse? Como seria uma sociedade justa para todos, onde reinasse a verdadeira paz?

Com personagens femininas fortes, uma narrativa cheia de surpresas, reviravoltas e emoção, já temos um vagão lotado de leitores apaixonados. Escolha seu melhor assento, e só desembarque quando descobrir o desfecho desta trilogia. Afinal, nada é o que parece!

Como curiosidade, livros distópicos que se tornaram inspiração para este romance foram: Fahrenheit 451, 1984, Jogos Vorazes e A Seleção. Acompanhem abaixo minha opinião sobre essas obras.

Os volumes 2 (Segredo Prata) e 3 (Memórias Obliteradas) de A Rainha Perdida já foram lançados.

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capa do livro Fahrenheit 451

2 – Fahrenheit 451, de Ray Bradbury

Imaginem um mundo onde os livros são vistos como ameaça, a ponto da população ser proibida de ter livros! Assim é o universo de Fahrenheit 451.

Residências repletas de câmeras, pessoas proibidas de ter opiniões próprias, comandadas por programas de televisão, e bombeiros que, em vez de combater incêndios, têm a função de localizar livros e queimá-los. A “educação” do povo é moldada pela televisão, mantendo uma alienação que impede o pensamento crítico e o questionamento do governo autoritário. Curiosidade: 451 fahrenheits é exatamente a temperatura que ocorre a queima do papel.

Guy Montag é um bombeiro e sua forma de enxergar a vida começa a mudar ao conhecer Clarisse, uma mulher cheia de questionamentos que desperta reflexões no protagonista. Impossível para ele não comparar Clarisse com sua esposa, que passa o dia assistindo a programas cheios de frivolidades, sem questionar as informações que recebe, completamente moldada por uma lavagem cerebral de conteúdo ruim.

Ao se deparar com uma mulher que prefere morrer a abandonar sua biblioteca, ele próprio passa a questionar as regras da sociedade. Então, decide ler um trecho de um dos livros que estão em uma fogueira. Extasiado, decide levar o objeto para casa, se tornando um subversivo.

Já li umas 3 vezes. Cada releitura me desperta um sentimento diferente. É impossível pensar numa sociedade sem livros, sem a história, sem esta ferramenta tão importante para construir o pensamento crítico. Recomendo sempre! Não à toa, em A Rainha Perdida, não existem livros de história. Todo o conhecimento do passado está na mente dos mais velhos, que tentam manter a informação viva, geração a geração.

O livro foi publicado pela primeira vez em 1953, e Bradbury foi fortemente influenciado pela fogueira da Segunda Guerra que queimava livros que contivessem críticas ou não correspondessem aos padrões do regime nazista. Outra curiosidade é que, de acordo com a Wikipédia, em entrevista à LAWeekly (não encontrada), Bradbury disse que sua intenção era mostrar como a mídia em massa destrói o interesse pela leitura. Mas sua crítica à sociedade foi muito além disso.

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Capa de uma das edições de 1984, de George Orwell

3 – 1984, de George Orwell

Último livro escrito por George Orwell (1903-1950), em 1949, este é, sem dúvida, o livro de distopia mais famoso, além de ser um clássico que faz criticas importantíssimas a governos manipuladores. Por outro lado, também é associado a algo muito popular na cultura de massa: o reality show mundial Big Brother. Sim, o termo “Big Brother” tem origem no romance distópico 1984, no qual o “Grande Irmão” é o líder que exerce uma vigilância constante da sociedade. Com câmeras dentro de casa, o governo controla até mesmo a liberdade de pensamentos. De forma assustadora, o Partido Extremo traz lemas como “Guerra é paz”, “Liberdade é escravidão” e “Ignorância é força”.

Winston Smith, nosso protagonista, é membro do partido e trabalha no Ministério da Verdade, cuidando da propaganda do partido, e das revisões textuais dos registros históricos, manipulando as informações a fim de favorecer o governo, ou seja, gerando um negacionismo histórico. Orwell profetizou as fake news! Edições antigas são jogadas em dutos, chamados “buracos de memória”, que levam a uma imensa fornalha que os destroem. Vejam a forte ligação com Fahrenheit 451.

O mais angustiante para Winston é que ele secretamente odeia o governo, e sonha com uma revolução. A força da palavra também está presente neste romance distópico, pois Winston precisa se expressar e isso é feito em um diário proibido. Aqueles que vão contra o partido se tornam “não-pessoas”, desaparecendo não só fisicamente, como são destruídas quaisquer provas de que a pessoa já existiu.

Algumas palavras foram criadas por Orwell, como:

  • duplipensar = manter, na mente, ao mesmo tempo, duas crenças contraditórias. Mentir deliberadamente e acreditar que são genuínas, esquecendo qualquer fato que seja contrário. Alguma semelhança com algumas opiniões políticas da atualidade?
  • novilíngua ou novidioma = um idioma fictício que, diferente do que conhecemos, não acrescenta palavras, mas condensa ou as remove, ou até mesmo elimina alguns sentidos. Na história, se as pessoas não pudessem se referir a algo, isso passaria a não existir. Essa ideia foi uma inspiração para A Rainha Perdida, no tocante ao governo de Aghaia, que excluiu do dicionário algumas palavras (ex: “liberdade”), para que a população não questionasse seu significado. Em uma comparação surgiu um dos lemas da minha trilogia: “Você não pode desejar o que não conhece”
  • teletela = uma televisão que também observa o que a pessoa faz ou fala.

 

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capa do box Jogos Vorazes

4 – Jogos Vorazes, de Suzanne Collins

A história se passa em um país chamado Panem, erguido sobre o que era a América do Norte, e formado por 12 distritos e uma Capital, a elite do poder. Poder esse que se impõe pelo Presidente Snow, ao manter um tipo de competição na qual um homem e uma mulher de cada distrito, com idades de doze a dezoito anos, são selecionados por sorteio e obrigados a lutar até a morte. Contudo, o sorteio tem uma regra cruel. Aos doze anos, o jovem tem seu nome colocado uma vez. Aos treze, duas vezes, até que aos dezoito seu nome é incluído sete vezes. Contudo, as famílias mais pobres podem, voluntariamente, trocar dinheiro pela inclusão dos nomes de suas crianças mais vezes no sorteio. Este torneio, na verdade, é um castigo por rebeliões antigas. Os Jogos Vorazes são transmitidos ao vivo pela televisão, e criam uma rivalidade entre os distritos. Para o único vencedor: fama e fortuna. Para todos os perdedores: a morte.

Katniss tem 16 anos, mora no Distrito 12 com sua mãe e irmã Prim. É o primeiro ano da menina na colheita, o sorteio para os Jogos Vorazes. Contudo, mesmo com seu nome apenas uma vez, Prim é sorteada. Para evitar que a irmã seja a mais nova vítima, Katniss se oferece para participar no seu lugar. Peeta, outro morador do Distrito 12, que, no passado, ajudou a família de Katniss, mesmo sendo punido por isso, também é selecionado.

Katniss e os outros competidores recebem tratamento de celebridades, até porque eles são vistos assim pela população dos distritos, que torcem para que seu representante vença e garanta benefícios para sua região. Com uma crítica feroz à exposição midiática (de novo temos a mesma temática de Fahrenheit 451 e 1984), os competidores são beneficiados durante os jogos quanto mais agradam aos telespectadores.

O contato de muitos leitores jovens com a distopia aconteceu com Jogos Vorazes, seja pelos livros ou pelos filmes. E essas referências são positivas e transcendem o entretenimento para a reflexão sobre o comportamento do ser humano.

Jogos Vorazes, para mim, foi uma trilogia que me impactou emocionalmente, a ponto de ficar num estado depressivo após o último livro. Afinal, vivemos essa separação em Distritos e Capital. Os bairros mais ricos das metrópoles são os Distritos mais ricos de Panem. Enquanto os bairros mais pobres não têm nenhuma perspectiva de uma vida melhor. Foi inconsciente que Aghaia de A Rainha Perdida também tivesse Distritos e Capital. Até porque foi uma escolha, visto que a divisão interna de outros países do livro possuem outros nomes. De forma similar, a população também foi punida por se rebelar. Só que na minha obra a punição é com maior carga de trabalho. Em Panem, foi com a criação dos Jogos Vorazes. Eu desejei criar uma metáfora para a vida profissional, porque em muitas empresas temos um microcosmo de um governo totalitário.

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capa do livro Admirável Mundo Novo

5 – Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley

Contemporâneo de George Orwell, Aldous (1894-1963) publicou este livro em 1932. A história se passa em uma Londres do futuro, em 2540, e apresenta uma sociedade que trabalha a manipulação genética e condicionamento psicológico, para manter o controle. Se a Segunda Guerra Mundial influenciou na escrita de 1984 e Fahrenheit 451, a Revolução Industrial e o Fordismo se tornaram personagens de Admirável Mundo Novo.

Para entender melhor o enredo, precisamos resgatar um pouco da história. O Fordismo foi um sistema de produção industrial, criado pelo empresário Henry Ford, em 1914, na Segunda Fase da Revolução Industrial, que tinha por objetivo a produção em massa, obtendo mais produtos com menos custos. Desta forma, ele implementou o conceito de linha de montagem e a padronização de processos. É claro que dentre estes custos menores repousavam condições de trabalho degradantes. Aliás, há uma crítica maravilhosa feita a este processo, por Charles Chaplin, no filme “Tempos Modernos”.

Neste livro distópico, Aldous imaginou uma sociedade inteiramente organizada segundo princípios científicos, no qual palavras antiquadas como mãe e pai são consideradas indecentes e geram repugnância. Idem para o próprio conceito de família, amor, monogamia. Os seres humanos são criados em laboratórios, em uma linha de montagem, onde cada etapa é responsável por manipular o corpo e a mente do bebê que está sendo produzido. Desta forma, são definidas biologicamente classes de pessoas chamadas de castas. Os mais inteligentes são associados à casta mais importante: os Alfa-Mais.

A esta classe pertence o protagonista, Bernard Marx, que se sente deslocado numa sociedade onde é proibido ficar sozinho, apreciar a Natureza, ou se sentir triste. Qualquer tristeza ou frustração é combatida com uma droga chamada Soma, que provoca a fuga da realidade e alegria imediata. Hoje, poderíamos chamar de antidepressivos! Esta sociedade científica incentiva, ainda, a existência de muitos parceiros sexuais, e está tão avançada que não existem doenças ou envelhecimento, enquanto idolatra Ford como se ele fosse Deus.

Mas Bernard não se sente deslocado apenas por pensar diferente. Os membros da sua classe além de serem os mais inteligentes, são também os mais bonitos e de porte atlético. Contudo, houve algum problema na “linha de produção” de Bernard, pois ele saiu franzino, com a estatura de uma casta mais inferior. Prestes a ser transferido para um lugar longínquo, por não conseguir se relacionar, rejeitar o uso de Soma, e desagradar os chefes, ele leva uma moça da casta Beta para uma viagem, para conhecerem a Reserva dos Selvagens, onde índios mantém costumes como casar e terem filhos. Lá, ele conhece Linda e John, e vê a oportunidade de conseguir respeito social ao trazê-los para a sociedade civilizada. Mas não é tão simples assim.

A nova crença, tornando-se quase uma religião, pela ciência, e somente por ela, com base em ações racionais, é a principal crítica desta distopia, ao lado da sociedade capitalista, tecnológica e fria que estava se criando, e perdura até hoje. Um alerta de que, conforme a sinopse, “ao não se preservarem os valores da civilização humanista, o que nos aguarda não é o róseo paraíso iluminista da liberdade, mas os grilhões de um admirável mundo novo.”

Como o próprio Aldous diz no prefácio, escrito em 1946, o tema deste romance distópico não é “o avanço da ciência em si; é esse avanço na medida em que afeta os seres humanos”.

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Indicação de Mais Distopias para Ler

Aqui, faço a indicação de outras distopias, tão boas quanto, que tive a oportunidade de ler, misturadas com algumas que estão na minha fila das próximas leituras. Contudo, para o post não ficar gigantesco, não vou me estender além das sinopses.

a. A Seleção, de Kiera Cass

Sinopse: Nesta mistura de Jogos Vorazes com o reality show The Bachelor, primeiro livro de uma trilogia, a vida de uma jovem comum vira de ponta-cabeça quando ela é sorteada para participar de uma competição entre garotas de todo o país que escolherá a futura rainha

Para trinta e cinco garotas, a Seleção é a chance de uma vida. Num futuro em que os Estados Unidos deram lugar ao Estado Americano da China, e mais recentemente a Illéa, um país jovem com uma sociedade dividida em castas, a competição que reúne moças entre dezesseis e vinte anos de todas as partes para decidir quem se casará com o príncipe é a oportunidade de escapar de uma realidade imposta a elas ainda no berço.

É a chance de ser alçada de um mundo de possibilidades reduzidas para um mundo de vestidos deslumbrantes e joias valiosas. De morar em um palácio, conquistar o coração do belo príncipe Maxon e um dia ser a rainha.

 

b. Divergente, de Veronica Roth

Não li os livros, mas assisti aos filmes. E recomendo!

Sinopse: Nesta versão futurista da cidade de Chicago, a sociedade se divide em cinco facções dedicadas ao cultivo de uma virtude – a Abnegação, a Amizade, a Audácia, a Franqueza e a Erudição. Aos dezesseis anos, numa grande cerimônia de iniciação, os jovens são submetidos a um teste de aptidão e devem escolher a que grupo querem se unir para passar o resto de suas vidas. Para Beatrice, a difícil decisão é entre ficar com sua família ou ser quem ela realmente é – não pode ter os dois. Então, faz uma escolha que surpreende a todos, inclusive a ela mesma.
Durante a iniciação altamente competitiva que se segue, Beatrice muda seu nome para Tris e se esforça para decidir quem são realmente seus amigos – e onde se encaixa na sua nova vida um romance com um rapaz fascinante, porém perturbador. Mas Tris também tem um segredo, que mantém escondido de todos, pois poderia significar sua morte. Ao descobrir um conflito crescente que ameaça destruir sua sociedade aparentemente perfeita, ela também aprende que seu segredo pode ajudá-la a salvar aqueles que ama… ou destruí-la.

 

c. O conto da aia, de Margaret Atwood

Confesso que ainda não li. Quando um enredo é muito violento, ou trabalha com temáticas difíceis para mim (ex: violência com crianças, tortura ou violência sexual), me causa aversão e não consigo ler. O fato de ser uma distopia expondo tanta crueldade com as mulheres mexe muito comigo. Talvez eu troque o livro pela série, para avançar rapidamente cenas violentas. 🙁

Sinopse: O romance distópico O conto da aia, de Margaret Atwood, se passa num futuro muito próximo e tem como cenário uma república onde não existem mais jornais, revistas, livros nem filmes. As universidades foram extintas. Também já não há advogados, porque ninguém tem direito a defesa. Os cidadãos considerados criminosos são fuzilados e pendurados mortos no Muro, em praça pública, para servir de exemplo enquanto seus corpos apodrecem à vista de todos. Para merecer esse destino, não é preciso fazer muita coisa – basta, por exemplo, cantar qualquer canção que contenha palavras proibidas pelo regime, como “liberdade”. Nesse Estado teocrático e totalitário, as mulheres são as vítimas preferenciais, anuladas por uma opressão sem precedentes. O nome dessa república é Gilead, mas já foi Estados Unidos da América. Uma das obras mais importantes da premiada escritora canadense, conhecida por seu ativismo político, ambiental e em prol das causas femininas, O conto da aia foi escrito em 1985 e inspirou a série homônima (The Handmaid’s Tale, no original), produzida pelo canal de streaming Hulu em 2017. As mulheres de Gilead não têm direitos. Elas são divididas em categorias, cada qual com uma função muito específica no Estado. A Offred coube a categoria de aia, o que significa pertencer ao governo e existir unicamente para procriar, depois que uma catástrofe nuclear tornou estéril um grande número de pessoas. E sem dúvida, ainda que vigiada dia e noite e ceifada em seus direitos mais básicos, o destino de uma aia ainda é melhor que o das não-mulheres, como são chamadas aquelas que não podem ter filhos, as homossexuais, viúvas e feministas, condenadas a trabalhos forçados nas colônias, lugares onde o nível de radiação é mortífero.

e. Não verás país nenhum, de Ignácio de Loyola Brandão

Na fila para leitura, esta distopia nacional foi publicada originalmente em 1981, mas é assustadoramente atual. Afinal, a narrativa acontece em um futuro indeterminado, mas com características bem presentes: falta d’água, calor insuportável, desaparecimento das florestas e rios, montanhas de lixo, controle da informação, excesso de população, filas para tudo, entre outros. O livro recebeu o Prêmio IILA como melhor livro latino-americano na Itália 1983.

Sinopse: Em São Paulo, num futuro não muito distante, Souza, um indignado professor de História que foi afastado de suas funções pela lei de segurança, percebe que tem um furo na mão. Em busca de uma resposta a esse fato inusitado, Souza percorre a cidade congestionada e um cenário caótico.

f. Nós, de Ievguêni Zamiátin

Não vejo a hora de ter um tempinho para ler essa distopia. A obra estava esgotada no mercado, mas a Editora Aleph trouxe nova edição em 2017.

Sinopse: Nós, escrito por Iêvgueni Zamiátin, é a distopia original que inspirou desde grandes clássicos do gênero – Admirável Mundo Novo, 1984, Laranja Mecânica e Fahrenheit 451 – até livros mais recentes – Divergente e Jogos Vorazes.

Em suas páginas, o autor imaginou um governo totalitário chamado Estado Único que, supostamente pelo bem da sociedade, privou a população de direitos fundamentais como o livre-arbítrio, a individualidade, a imaginação, a liberdade de expressão e o direito à própria vida. Um mundo completamente mecanizado e lógico, onde as pessoas não possuem nomes, mas sim números, e o Estado dita os horários de trabalho, de lazer, de refeições e até de sexo.
A trama traz a história de D-503, um engenheiro que vive pleno e feliz (exatamente como ordena o grandioso Estado Único), mas começa a duvidar das próprias convicções ao conhecer uma misteriosa mulher que comete a ousadia de bular regras, e que o contamina com a doença chamada imaginação.

 

g. Eu, robô, de Isaac Asimov

Eu, simplesmente, amo este livro! E o conto sobre o Robbie é mesmo emocionante.

Sinopse: Um dos maiores clássicos da literatura de ficção científica, Eu, Robô, escrito pelo Bom Doutor, Isaac Asimov foi publicado originalmente em 1950. O livro serviu como base para o roteiro do filme homônimo, no qual Will Smith interpreta o protagonista, o detetive Del Spooner. Porém, a obra é bastante diferente da história apresentada nas telonas. Eu, Robô é um conjunto de nove contos que relatam a evolução dos autômatos através do tempo. É neste livro que são apresentadas as célebres Três Leis da Robótica: os princípios que regem o comportamento dos robôs e que mudaram definitivamente a percepção que se tem sobre eles na própria ciência. Eu, Robô inicia-se com uma entrevista com a Dra. Susan Calvin, uma psicóloga roboticista da U.S Robots & Mechanical. Ela é o fio condutor da obra, responsável por contar os relatos de seu trabalho e também da evolução dos autômatos. Algumas histórias são mais leves e emocionantes como Robbie, o robô baba, outras, como Razão, levam o leitor a refletir sobre religião e até sobre sua condição humana.

 

g. A revolta de Atlas, de Ayn Rand

Também está na fila para leitura.

Sinopse: Considerado o livro mais influente nos Estados Unidos depois da Bíblia, segundo a Biblioteca do Congresso americano, A revolta de Atlas é um romance monumental. A história se passa numa época imprecisa, quando as forças políticas de esquerda estão no poder. Último baluarte do que ainda resta do capitalismo num mundo infestado de repúblicas populares, os Estados Unidos estão em decadência e sua economia caminha para o colapso.

Nesse cenário desolador em que a intervenção estatal se sobrepõe a qualquer iniciativa privada de reerguer a economia, os principais líderes da indústria, do empresariado, das ciências e das artes começam a sumir sem deixar pistas. Com medidas arbitrárias e leis manipuladas, o Estado logo se apossa de suas propriedades e invenções, mas não é capaz de manter a lucratividade de seus negócios.

Ayn Rand traça um panorama estarrecedor de uma realidade em que o desaparecimento das mentes criativas põe em xeque toda a existência. Com personagens fascinantes, a autora apresenta os princípios de sua filosofia: a defesa da razão, do individualismo, do livre mercado e da liberdade de expressão, bem como os valores segundo os quais o homem deve viver – a racionalidade, a honestidade, a justiça, a independência, a integridade, a produtividade e o orgulho.

h. Vox: o silêncio pode ser ensurdecedor, de Christina Dalcher

Dizem que é uma versão mais atual de O conto da aia. Também está na fila para leitura.

Sinopse: O governo decreta que as mulheres só podem falar 100 palavras por dia. A Dra. Jean McClellan está em negação. Ela não acredita que isso esteja acontecendo de verdade.

Esse é só o começo…

Em pouco tempo, as mulheres também são impedidas de trabalhar e os professores não ensinam mais as meninas a ler e escrever. Antes, cada pessoa falava em média 16 mil palavras por dia, mas agora as mulheres só têm 100 palavras para se fazer ouvir.

…mas não é o fim.

Lutando por si mesma, sua filha e todas as mulheres silenciadas, Jean vai reivindicar sua voz.

 

i. A Rainha Vermelha, de Victoria Aveyard

Li todos os livros, mas confesso que me forcei a terminar o último livro, por razões pessoais.

Sinopse: O mundo de Mare Barrow é dividido pelo sangue: vermelho ou prateado. Mare e sua família são vermelhos: plebeus, humildes, destinados a servir uma elite prateada cujos poderes sobrenaturais os tornam quase deuses. Mare rouba o que pode para ajudar sua família a sobreviver e não tem esperanças de escapar do vilarejo miserável onde mora. Entretanto, numa reviravolta do destino, ela consegue um emprego no palácio real, onde, em frente ao rei e a toda a nobreza, descobre que tem um poder misterioso… Mas como isso seria possível, se seu sangue é vermelho? Em meio às intrigas dos nobres prateados, as ações da garota vão desencadear uma dança violenta e fatal, que colocará príncipe contra príncipe – e Mare contra seu próprio coração.

 

 

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